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‘Metabolisms of Repair ‘ é uma exposição que representa Portugal na London Design Biennale e que propõe um envolvimento optimista e crítico com as consequências planetárias dos sistemas extractivos e tecnocráticos. Para lá das narrativas apocalípticas, explora estratégias regenerativas que colocam os ecossistemas na sua totalidade — e não a centralidade humana — no centro da construção do futuro.
Perante o colapso ambiental acelerado, já não basta reflectir sobre ecologias isoladas. A crise climática é a convergência de microfenómenos dispersos, enraizados em processos biológicos, ecológicos e geológicos. A exposição convida-nos a considerar o planeta como um metabolismo vivo — complexo, interligado e em urgente necessidade de cuidado.
Mais do que propor soluções, Metabolisms of Repair abre espaço para reimaginar as perguntas que colocamos à Terra. Enquadra a ideia de reparação não como restauração de um estado anterior, mas como um gesto relacional e orientado para o futuro, assente na interdependência, nas histórias materiais e numa percepção ecológica alargada. Duas práticas artísticas distintas ancoram estas ideias em territórios e materiais concretos.
Chemical Affinities, de Miguel Teodoro (8’51”), investiga o uso de fertilizantes à base de amoníaco na região do Alentejo, em Portugal, traçando os efeitos químicos, visuais e territoriais da modernização agrícola através de imagens em alta resolução e filme Super 8 processado com amoníaco.
DOIS TONS DE CINZA, de A Recoletora (Alexandre Delmar e Maria Ruivo) (18’), mistura documentário e ficção para explorar formas de comunicação pastoral nas serras da Madeira, entrelaçando gritos, fogueiras, pedra vulcânica e a voz animal como formas de memória ecológica.
Em conjunto, estas obras imaginam a reparação como uma prática de resistência, reconexão e transformação — para além da escala humana, e para além da crise.