O FORUM é um projeto arquitetónico de caracter artístico, que se fundamenta, precisamente, na imersão com a memória do lugar do antigo mercado e visa recuperar uma ausente narrativa deste locus específico ligado ao seu passado contexto social, cultural e histórico.
De uma observação que resulta dos enlaces do passado, e de uma sensível pesquisa sobre a importância dos lugares do mercado, observou-se que, na proliferação das cidades nos séculos XI e XII, fruto de uma conjuntura económica favorável, os mercados e as feiras, surgidos da necessidade de favorecer a concentração de mercadorias e produtos num único lugar, assumem uma importância cada vez maior, quer ao nível local, quer regional. Os primeiros mercados, assim, representativos principalmente da Alta Idade Média, constituem a espinha dorsal do plano das cidades implantadas em vias de grande comunicação: praças centrais, abertas de todos os lados, de forma retangular, preferencialmente quadrada, passam a ser privilegiadas; praças entre ruas paralelas, proporcionando ligações diretas com as vias de trânsito, que atravessam a cidade e têm um tamanho proporcional às funções a desempenhar; ou praças triangulares, formadas por bifurcações ou implantações irregulares, que fascinam pelo seu tamanho.
Numa altura em que se assiste, por parte do pensamento moderno ocidental, ao progressivo inviabilizar do conhecimento empírico popular assente na experiência, na prática e na memória, com esta proposta, pretende-se recuperar o lugar numa fuga à sugestão da criação de um santuário. Afirma-se, assim, a vontade de desenvolver um dispositivo que envolverá os transeuntes através de uma instalação artística, que é também um espaço imersivo, a hipótese de um mercado que regressa ao seu lugar, uma nova ideia de paisagem que desenha novos percursos, um palco
de conversas e permanências e um lugar de comensalidade. É, por definição, um Fórum.
A estrutura é desenhada no sentido de se posicionar longitudinalmente sobre a praça e, assim, redesenhar novos fluxos e percursos, convidando ao seu atravessamento e à sua descoberta.
É uma estrutura simples de barrotes de madeira justapostos, capaz de formular nos seus travamentos três possibilidades: banco para sentar, contemplar a experiência da transformação do lugar ou conversar; mesa de refeição ou venda de produtos; e mesa alta, onde se promove um mais rápido exercício de comensalidade.
A este sistema soltam-se camadas de têxteis brancos, que se assemelham às roupas que secam nas varandas da cidade, ou aos toldos do antigo mercado que na praça, outrora, se implantava.
São estes têxteis que ajudam a configurar as possibilidades de ocupação dos espaços vazios desta proposta. Este é um dispositivo mutável que simultaneamente performa o tempo e organiza o espaço, propondo novos usos. Serão as múltiplas possibilidades de apropriação destes lugares que irão permitir a (re)definição da proposta e a sua (re)formulação em exercícios simultâneos de ocupação alternativa. O recurso a uma métrica modular procura a sistematização e o enquadramento financeiro ao mesmo tempo que, pela variação sobre o mesmo, introduz diversidade. Espaços vazios, ou desafogados, cobertos por têxteis e, assim, protegidos do sol intenso. São novos espaço de encontro, que dão lugar a trocas comerciais ou a refeições inusitadas, e que devolvem àquele lugar o seu significado.
fórum
Projecto • 2022, Guimarães, pavilhão, em curso

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Projecto
Arquitectura
Architectural Affairs
Equipa
Andreia Garcia, Francesco
Cliente
Câmara Municipal de Guimarães, Centro de Artes José de Guimarães
Área
225 m2